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terça-feira, 5 de abril de 2011

D A R A C A R A

Jorge Solivellas Perelló
Escritor e Professsor-e-mail: jorge.solivellas@gmail.com


O jornal O Globo, Domingo, dia 09 de janeiro de 2011 publicou esse retrato, da atormentada década do sessenta, em que se mostra uma passeata de estudantes e trabalhadores. Entre eles estava uma adolescente de nome Dilma, hoje, a Presidenta do Brasil. Outra figura da histórica foto era o jovem seminarista Raimundo Gonçalves de Figueiredo que na foto está revestido de batina, porque em 1963 transferiu-se do Seminário São Pio X de Sete Lagoas para o Seminário do Coração Eucarístico de Belo Horizonte.Raimundo como funcionário do banco Agrícola em Sete Lagoas, sua cidade natal, participava ativamente dos movimentos reivindicatórios organizados pelo sindicato dos bancários e dos camponeses. Ação que motivou a demissão do banco. O compromisso do Raimundo com a luta para reformas de base na sociedade brasileira e a ira dos grupos dominantes e conservadores propiciaram o desligamento forçado do seminário e, como Dilma, Roberto Carlos - O Beto - e tantos outros, foram seduzidos a optar por ideologias de guerrilha. O ideal deles era e sempre foi ajudar aos necessitados. Quem não lembra a Raimundo visitando constantemente o hospital Nossa Senhora das Graças para doar sangue e alegrar os doentes da pequena enfermaria?

A luta do povo para melhorar as condições de vida no Brasil vem de longe. Esse retrato divulgado nacionalmente testemunha que o povo é um indivíduo, vários , muitos. São pessoas de carne e sangue , de mil - e - tantas misérias : todos nascendo, crescendo, se casando, querendo colocação de emprego, comida, saúde, riqueza e bons negócios...Esta visão do Brasil real é do nosso conterrâneo político Guimarães Rosa, ( 2006. P.12). Pessoas como Raimundo, Joaquim, Regina, Laerte, a Presidenta Dilma estão presentes nas passeatas e movimentos do povo nos dias de hoje que lutam para mudar a prática política corporativa em uma prática política comunitária, de fato.

Outros fatos

A mobilização popular dos cidadãos resulta muito difícil. Os donos do poder controlam e manipulam indivíduos, instituições, empresas,religiões, escolas e divertimentos para subjugar, de modo imperceptível, a imensa massa, pressa as luzes dos holofotes do desenvolvimento científico e tecnológico. Mas, como revela o retrato no início desse escrito, sempre emergem dentre a massa pessoas que, pelo exemplo, entusiasmo, generosidade e coragem se empenham até a morte para que os excluídos dos bens da natureza percebam onde se encontra a possibilidade de serem livres .

A democracia oferece oportunidades para o povo decidir a vida em comunidade. Pegar essas oportunidades é possível sempre que os indivíduos sejam esclarecidos e livremente organizados em partidos representativos dos diversos segmentos que formam a população .

O Grupo de Estudos Pastorais e Sociais da Diocese de Sete Lagoas, Minas Gerais, composto por leigos comprometidos e sacerdotes engajados nas lutas da população local, regional e nacional, desde 2004 publica folhetos para celebrar a Novena do Natal com reflexões sobre a vida real de cidadãos da comunidade.A vida real desses cidadãos, entre eles Raimundo, Laércio, Jorge, Mário, Miguel, mostrados como pessoas dedicadas ao serviço do povo e como estímulos constantes para o novo despertar de todos os membros da comunidade.

Em 2008, o Gesps publicou o livro Conselhos Pastorais: orientações práticas e, por ser o ano das eleições municipais, com o objetivo bem definido de orientar a população, iniciou a publicação, a base de historinhas de quadrinhos dos temas políticos: O que é política; Importância das eleições municipais; o Papel do cidadão nas eleições municipais; Por uma eleições justa e livre; O perfil do bom candidato.

O dia 05 de junho de 2008 a Cúria Diocesana de Sete Lagoas publicava e distribuía A CARTA DOS BISPOS DE MINAS GERAIS E ESPIRITO SANTO SOBRE AS ELEIÇÕES DE 2008.

A poucos meses das eleições o Gesps. publicou duas cartas abertas e, em abril de 2009, uma III Carta, cujo início informava:

“No final de 2008 lançamos duas cartas abertas, ambas direcionadas ao povo, ao executivo e legislativo de Sete Lagoas. Era o primeiro toque, sobre a nossa condição de cidadania política, tendo em vistas a nova administração municipal para iniciar, no executivo e legislativo. Eram toques, de receio e esperança na construção de nova Sete Lagoas. Na primeira carta afirmamos, os eleitos são responsáveis por uma resposta urgente aos problemas que assolam o povo. Na segunda despontando o novo tempo somos todos convocados, como cidadãos, a (contribuir) a colaborar na construção política de nossa cidade e sugerimos alguns critérios para escolha de quatro secretarias e alguns orgãos, que julgavamos vitais ( desde a perspectiva da população). Eram dois sentimentos, um de Esperança e outro de receio. Reafirmos a beleza da democracia ( participativa e responsável). Portanto, não basta ficarmos de expectadores nas arquibancadas do silêncio...”.

Novas passeatas

Os meios de comunicação já ensaiam nomes de candidatos para as Eleições 2012. Pelos nomes e partidos de conveniência pode perceber-se que os arcaicos donos do poder municipal estão se organizando e investindo jatos de dinheiro para seduzir a massa e ,assim, continuar no rodízio do poder corporativo. Esta prática é condenada pela lei eleitoral. ( Lei 9.840/99). Esta lei insta a fiscalizar a campanha eleitoral; serve para promover a educação política, a consciência da cidadania e o respeito a democracia que é o respeito ao eleitor cidadão, base do poder democrático.

As passeatas dos movimentos dos jovens mineiros de 1963, mesmo que muitos foram assassinados como Raimundo, Joaquim, Regina e Dilma fora presa e torturada provam que seus sofrimentos unidos aos sofrimentos da população desprotegida foi a semente que hoje virou árvore em cuja sombra se poderá viver pacificamente.

Novas passeatas serão, sem dúvida, organizadas. Palestras, cursos, artigos, folhetos, movimentos, empresas serão criadas a fim de evitar cair mais uma vez no engano dos lobos vestidos de ovelhas.

Agora é a vez de povo decidir mudar o jeito de fazer política e este é o compromisso do PT.

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