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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

MENSAGEM DE ESPERANÇA


Voltaremos a ativa em 03 de janeiro de 2011. 
Abraço e paz !

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

PROGRAMAÇÃO DA POSSE DE DILMA

Companheiros(as),

Àqueles que vão a Brasília, segue abaixo o link sobre a programação da festa, com desfile em carro aberto, discurso no parlatório e shows, muitos shows, de cantoras é claro. Click e confira:

http://noticias.r7.com/brasil/noticias/posse-de-dilma-tera-festa-com-shows-de-cantoras-20101219.html

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A refundação do PT mineiro

Por Rudá Ricci Avalio que o PT mineiro também precisa ser refundado.

O PT de Minas Gerais acusou o golpe. O clima de derrota e baixo astral contagia toda direção estadual do partido. Ficar com apenas um ministério foi o pior presente de final de ano. Minha análise é que também se fechou um ciclo para o partido aqui onde os limites impostos pelas montanhas deveriam inspirar reflexão.

Minha hipótese é que apenas uma articulação efetiva dos prefeitos petistas pode refundar o PT mineiro. A militância está absolutamente desarticulada, embora no segundo turno das eleições presidenciais tenha reagido à convocação da campanha. Mas deixou de ser protagonista.

Patrus vive seus dias de ocaso político. Fernando Pimentel nunca fez esforço para estruturar o partido em Minas Gerais. Faz carreira. E só. Os parlamentares, por seu turno, pensam apenas suas bases eleitorais. Aliás, aqui em Minas Gerais, petista não se identifica com correntes ou regiões. Se identifica com parlamentares. É algo corrente dizer que é vinculado a tal ou qual parlamentar. Cria-se, a partir desta identificação, uma divisão de territórios. Não é coincidência a analogia com as estruturas de feudo.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A DERROTA DE VACAREZZA PARA MAIA


A disputa no PT é constante, o que é saudável, mas muitas vezes também ganha contornos fratricidas. Em 2005 pela disputa da Câmara foi assim e trouxe grandes prejuízos não só ao PT e ao Governo, como ao Brasil. No mesmo ano, por conta da crise do governo a disputa interna se acirrou, levando inclusive ao fim do "Campo Majoritário". Aquela foi uma disputa fortemente político e que contribuiu para rearrumar o PT.
Esta disputa de agora também teve forte conotação política e não pessoal. Vaccarezza quis atropelar o partido, quis resolver "por cima". Deu uma entrevista à Veja, revista vista como a pior inimiga dos petistas, de deixar com raiva qualquer militante petista, atropelou a bancada do PT na Câmara na questão do Código Florestal, atropelando inclusive o líder do PT na Câmara, Fernando Ferro, que tem militancia ambientalista, dentre outros acertos para tentar se projetar com outros partidos e assegurar a presidência da Câmara.
Obviamente estas manobras, achando que no PT as coisas já estavam resolvidas, lhe custou caro. Fora os adversários naturais que já teria politicamente, como os deputados da Mensagem ao Partido, Articulação de Esquerda e talvez Movimento PT, contou com rachas dentro da CNB, em especial por conta da questão sindical e a polêmcia com a CUT (Arthur Henrique é dirigente da CNB) e disputas internas da CNB, como no caso de Minas e a da própria CNB do RS, que lançou Marco Maia.

Cabe lembrar que Vaccarezza até bem pouco tempo atrás não estava compondo internamente com a CNB, fazia parte da corrente "Novos Rumos" que no penúltimo processo de eleições diretas do PT (PED) apoiou a candidatura de Jilmar Tatto para a presidencia do partido e não a de Ricardo Berzoini, candidato da CNB.
A "reunificação" só veio acontecer no último PED, no qual a candidatura de Dutra, a necessidade de unidade partidária para a candidatura Dilma e o relativo enfraquecimento em SP do campo dos Tatto e Vaccarezza, fez com que não lançassem candidatura própria. É bom lembrar que a reaproximação se deu quando Vaccarezza derrotou Paulo Teixeira da Mensagem ao Partido na disputa pela liderança da bancada do PT na Câmara com os votos da CNB, em especial de SP.
Agora Paulo Teixeira será o novo líder da bancada do PT na Câmara.
A luta interna do PT quando baseada na grande política é uma boa luta

PT DE BH REAGE !

A bancada do PT na Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte vai se opor ao governo municipal nos próximos dois anos. O desejo foi manifestado, na noite de ontem, em reunião dos vereadores que contou com a presença de membros do diretório do PT municipal. Para os vereadores, o processo que culminou na eleição do tucano Léo Burguês como novo presidente da Casa, mostra o rumo que o PSB irá tomar em 2012. "A escolha de um vereador do PSDB para presidir a Câmara já trata de uma aliança já anunciada para as eleições de 2012", declarou o vereador Arnaldo Godoy (PT).

A maioria dos vereadores petistas defende que o partido faça oposição política ao Executivo. "Nunca faríamos uma oposição burra, mas o partido precisa reagir ao que ocorreu na Casa", declarou Godoy. Apesar de a bancada estar submetida à orientação da direção municipal do partido, o presidente do PT municipal, vice-prefeito Roberto Carvalho, afirmou que o diretório irá acatar à decisão dos parlamentares.

O partido foi preterido na composição da nova Mesa Diretora, realizada no domingo, e teve a candidatura do parlamentar Silvinho Rezende (PT) para a presidência da Casa suspensa por manobras que, segundo os petistas, envolveram os governos municipal e estadual.

Nos bastidores, a informação é que, com o intuito de agradar o PT e não perder o apoio da maior bancada da Casa, o prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda convidou o petista Tarcísio Caixeta para assumir a liderança do governo no próximo biênio. Apesar de Caixeta já ter aceitado, os vereadores defendem que ele decline do convite. "O partido não deve ficar de líder de um governo que formará aliança com o PSDB em 2012", afirmou Godoy. Caixeta disse que aceitou o convite e só admite recuar se o o partido proibi-lo de assumir o cargo.

Suplente do atual líder Paulo Lamac (PT), Caixeta assume como vereador em 2011, quando Lamac sobe para ocupar a vaga de deputado estadual na Assembleia Legislativa.

Panos quentes. O atual líder do governo na Casa, Paulo Lamac, refuta a ideia de o PT se tornar oposição. Para o petista, todo o processo de eleição da Mesa Diretora da Câmara foi definido internamente, sem abuso de poder dos governos municipal e estadual.

Segundo o petista Paulo Lamac, o convite para que Tarcísio Caixeta assuma a liderança é apenas uma decisão pessoal do prefeito Marcio Lacerda. "Isso significa que ele (Marcio Lacerda) confia no vereador", explicou o parlamentar.
Petistas já enxergam PSDB e PSB como adversários em 2012
A polêmica que envolveu o processo de eleição da nova Mesa Diretora da Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte passa pela formação das alianças em 2012. Petistas acusam o PSB e o PSDB, seus aliados em 2008, de manobrarem em favor da eleição de Léo Burguês (PSDB) para a presidência da Casa. Eles afirmam que o objetivo seria excluir o PT do processo de reeleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB) e preparar terreno para as eleições de 2014.

Burguês é amigo pessoal do ex-governador e senador eleito Aécio Neves (PSDB) Ele também possui a confiança do prefeito e do governador reeleito Antonio Anastasia (PSDB).

Petistas afirmam que ao ocupar a ponta da Mesa Diretora na Casa, Burguês poderá favorecer uma aliança entre PSB e PSDB para a reeleição de Lacerda em 2012. "O prefeito sinalizou o caminho que ele tomará", afirmou o vereador Arnaldo Godoy (PT). A bancada do PT também acusa o prefeito de traição. De acordo com os vereadores, as candidaturas de representantes do PT, PSB e PSDB estariam vetadas por Marcio Lacerda. Porém, surgiu a candidatura vitoriosa do tucano.

Tudo indica que o PSDB e PSB serão aliados, impossibilitando a aliança dos socialistas com petistas. Tanto o PT quanto o PSDB refutam a possibilidade de reeditarem a aliança de 2008, quando os dois estiveram ao lado do PSB de Lacerda. O diretório estadual do PT chegou a editar uma resolução que proibe alianças com tucanos.

"Vamos recolocar o PT na vida da cidade", afirmou Godoy se referindo à candidatura própria em 2012.
Base ficará diminuída com mudança
A mudança de postura do PT na Câmara Municipal de Belo Horizonte implica diminuição da força do Executivo municipal dentro da Casa. O partido possui hoje a maior bancada da Casa, com seis parlamentares. Os partidos considerados independentes são o PMDB, com quatro vereadores, e o PHS, com dois parlamentares.

Com mudança, a base governista terá mais dificuldades e gastará mais tempo com a negociação dos projetos com parlamentares. Por outro lado, o PT pode ver seus espaços em secretarias diminuírem, com a futura reforma administrativa.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

PT DE BH PEDE SOCORRO !

O PT de BH está vivendo uma grande crise interna e de identidade. Depois da aliança de 2008, com o PT abrindo mão para o PSB lançar candidadto em detrimento a uma candidatura petista, tudo de acordo com o Palácio da Liberdade ( Aécio Neves ), ontem o Partido dos Trabalhadores leva mais um golpe de proporções ainda não previstas. Com a interferência do Governo Estadual e do próprio prefeito Lacerda, foi eleita a nova mesa diretora da Câmara de BH, e a maior bancada da casa que é do PT com 6 vereadores não participa dela. Foi eleito presidente o vereador Léo Burguês ( PSDB ). Assim, dizem os especialistas, o prefeito Márcio Lacerda dá o ponta-pé na corrida para sua reeleição em 2012. 

SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO

Com a movimentação orquestrada pelos governos Municipal e Estadual, Lacerda manda um recado ao PT: prefere caminhar com o PSDB de Anastasia, a caminhar com o PT em 2012. O PT agora vive o dilema de participar da administração de BH e não ser tão quisto assim. O que fazer? continuar no governo, ou ir para oposição?

OS RESPONSÁVEIS

Não dá para apontar um responsável pelo imbróglio em que o PT de BH se enfiou. Só resta-nos lembrar a posição firme do companheiro Patrus Ananias, contra a aliança nas eleições de 2008, que tinha como fiador o então prefeito Fernando Pimentel, com o apoio da direção estadual e municipal do partido. Errar na estratégia de uma eleição e na condução de um partido da grandeza do PT, pode até acontecer, mas permanecer no erro é uma irresponsabilidade. O PT de BH e o de Minas precisa ir para o divã !

NA DÚVIDA VÁ PARA A ESQUERDA

Parafraseando dona Helana Greco, onde dizia: " na dúvida meu filho, vá para a esquerda ". caminho está posto. Não há outro a ser seguido. O PT de BH deve caminhar para sua fonte, onde tudo começou, junto aos Movimentos Sociais, movimentos da Igreja Progressista, Sindicatos e Artistas; defendendo suas bandeiras que foram ficando esquecidas ou desidratadas. A defesa da vida como prinícpio básico para a formação de políticas públicas, que visem a construção do bem comum , muitas delas iniciadas com Patrus e esquecidas atualmente. Se BH é outra cidade, isso se deve ao seu povo e ao PT, que por mais de 12 anos administrou nossa capital com austeridade e sensibilidade social.

Glória Rodrigues de Paula
Secretária de Organização do PT/SL








quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

RESOLUÇÃO DO DIRETÓRIO ESTADUAL DO PT

As Eleições de 2010 e os Desafios do PT de
Minas Gerais

ANÁLISE DE CONJUNTURA

01. Os mais de 56 milhões de votos recebidos por Dilma Rousseff no dia 31 de outubro
passado a tornaram não apenas a primeira presidenta eleita em nosso país, mas também
condutora do maior projeto de democratização, fortalecimento político, desenvolvimento
econômico e social vivenciado pelo povo brasileiro nos últimos tempos.
02. Depois de duas décadas de estagnação ou de avanços medíocres, a economia
brasileira encontrou seu caminho, no governo Lula. Esse crescimento está pautado em uma
inédita lógica: ele se realiza com forte distribuição de renda, com equilíbrio
macroeconômico, redução da vulnerabilidade externa e fortalecimento da democracia.
03. A combinação exitosa entre crescimento, distribuição de renda, inclusão social, equilíbrio
macroeconômico e fortalecimento da democracia, somada ao prestígio do presidente Lula,
ajuda a entender a posição e o lugar que o Brasil passou a ocupar no mundo.
04. “O Brasil não fala grosso com a Bolívia nem fino com Washington”, disse o compositor
Chico Buarque, traduzindo em poucas palavras a política externa do Governo Lula, ativa e
altiva, que privilegiou a integração sul-americana  e as relações econômicas, políticas e
culturais com os países em desenvolvimento (Sul/Sul).
05. Desde meados de 2008, o mundo enfrenta a maior  crise econômica dos últimos 70
anos, crise essa surgida no coração do sistema capitalista (Estados Unidos, países da
Europa Ocidental e Japão) e marcada pela debilidade do sistema financeiro, aumento do
desemprego e endividamento dos indivíduos, os quais perderam suas poupanças e
moradias. Já os estados nacionais continuam gastando trilhões de dólares na tentativa de
recuperar suas economias. Diferentemente das crises anteriores, o Brasil enfrentou com
segurança seus efeitos graças ao fortalecimento do mercado interno, aumento do consumo
popular, expansão do salário mínimo, programas de transferência de renda e redução dos
juros. Tudo isso aliado a medidas pontuais tomadas nesse período como incentivo a setores
fundamentais da economia, foram decisivos para a superação desse cataclisma financeiro.
06. A vitória de Dilma Rousseff é a expressão da força transformadora dos oito anos do
Governo Lula. Nele, mais de 28 milhões de pessoas saíram da pobreza extrema, outras 30
milhões chegaram à classe média; mais de 600 mil jovens pobres chegaram à universidade;
mais de 14 milhões de empregos formais foram gerados; a indústria naval foi recuperada,
sendo hoje a quarta maior do mundo; a Petrobras alcançou uma liderança inconteste em
sua área; houve a descoberta do pré-sal e o debate sobre o seu marco regulatório.
07. Dilma terá como tarefa central aprofundar o modelo de desenvolvimento brasileiro,
manter o ritmo de crescimento econômico, a distribuição de renda, a valorização do salário
mínimo, o fortalecimento das instituições democráticas e erradicar a miséria. 08. Após a realização do PED no final de 2009, quando quase 500 mil petistas participaram
do processo de renovação das direções partidárias, iniciamos 2010 com a realização do 4º
Congresso do PT. Nele, foram aprovadas as diretrizes estratégicas para a continuidade do
projeto nacional e a tática eleitoral. Essa tática eleitoral  privilegiou a formação de um amplo
arco de alianças com os partidos que compõem a base do governo Lula.
09. Em Minas iniciamos o ano de 2010 com dois bons  candidatos: Patrus Ananias e
Fernando Pimentel; um ministro se desincompatibilizou para se colocar a disposição da
disputa ao Governo, o companheiro Patrus Ananias e  Fernando Pimentel, ex prefeito de
Belo Horizonte.
10. As prévias, instrumento democrático, realizadas em alto nível, infelizmente pouco
contribuíram para a unidade e fortalecimento do partido no estado e perante o Diretório
Nacional (DN).
11. A realização das prévias para a escolha do candidato ao Governo Estadual atendia ao
desejo da maioria dos petistas de Minas e dos movimentos sociais que se relacionam com o
partido. Nelas, não somente soldaríamos nossa unidade, como discutiríamos projetos e, na
sequência, nomes. Diante da pressão do PMDB junto ao PT Nacional, as prévias se
transformaram no único caminho para que o PT em Minas pudesse ter um papel
protagonista. Foi escolhido por apertada maioria de votos o companheiro Fernando
Pimentel.
12. Baseado na Resolução do 4º Congresso Nacional o Diretório Nacional impôs o apoio à
candidatura majoritária de Hélio Costa em Minas Gerais.
13. O ex-ministro Patrus Ananias, atendendo ao clamor das bases, aceitou participar da
chapa ao Governo, sinalizando unidade na tática. Cabe ressaltar que o desrespeito ao
resultado das Prévias foi decisivo para o aprofundamento da divisão partidária em duas
trincheiras: uma que respeitou a tática nacional e  a outra que engrossou a fileira do
chamado “Dilmasia”, não sendo raros os casos em que lideranças do partido não se
engajaram no pleito estadual.
14. As campanhas majoritárias foram marcadas pela despolitização e por falta de unidade.
De um lado, a campanha de Fernando Pimentel ao Senado foi feita de forma absolutamente
isolada da campanha ao Governo do Estado. Dos 4,5 milhões de votos obtidos por ele,
quase 40% vieram da Região Metropolitana de Belo Horizonte ou, em termos mais exatos,
1,762 milhão de votos.  Em contrapartida, o candidato Hélio Costa obteve nessa mesma
região pouco mais da metade dos votos do candidato ao Senado.
14 – A campanha de Hélio Costa e Patrus Ananias não conseguiu construir um projeto
alternativo para Minas. O Diretório regional do PT de Minas proporá ao DN e ao governo a
retomada das discussões pela reforma tributária, agrária, urbana, política e no judiciário e o
Diretório de Minas se compromete a realizar as mobilizações no âmbito do estado.
15. O clima de continuidade que tomou conta de todo o Brasil, como atestavam as
sondagens dos principais institutos de pesquisa, impôs-se também em Minas. A ausência de
um programa consistente e de uma candidatura alternativa era tudo que os tucanos
desejavam para Minas. Com exceção da candidatura Zito, com pouco tempo de TV e
desconhecido, as campanhas majoritárias não cumpriram o seu papel de apresentarem um projeto alternativo para Minas Gerais. Foi um desastre político.
16. O marketing da campanha foi uma nave sem rumo, descolada da realidade do Estado e
refém do senso comum e da boa aprovação do Governo  Aécio. Campanha acanhada,
“governista“ e sem vínculo com as possibilidades de mobilização na sociedade mineira,
desprezou os acúmulos políticos da oposição e a força dos movimentos sociais
organizados, como os dos servidores em saúde e educação.
17. Assim como no restante do Brasil, o “caso Erenice” e as baixarias que tomaram conta do
final da campanha, reproduzindo procedimentos da história brasileira típicos da UDN, foram
decisivos para o afastamento de setores da classe média também em Minas Gerais. Esses
episódios e a adesão de importantes setores partidários ao “Dilmasia” contribuíram para
reavivar no imaginário das pessoas crises anteriores vividas pelo PT (mensalão em 2005, a
aliança com Newton Cardoso em 2006, a divisão do partido na capital em 2008), agora
somadas ao perfil desgastado do PMDB / Hélio Costa.
18. O triunfo da presidente Dilma em Minas foi fundamental para a continuidade do projeto
nacional. Diferentemente do PT que priorizou a campanha Dilma, o PSDB mineiro
concentrou seus esforços no pleito regional, secundarizando a campanha presidencial de
José Serra. Apesar da adesão de Aécio, Anastasia e Itamar no segundo turno ao candidato
Serra, o PT e seus aliados conseguiram manter a votação vitoriosa obtida por Dilma no 1º
Turno (1,7 milhão de diferença pró-Dilma).
19. Agora é o momento de olharmos para os nossos acertos e encararmos nossos desafios.
Para tanto, uma análise mais refinada dos resultados das eleições de forma geográfica
pelas macro-regiões do Estado de Minas Gerais, poderá fornecer mais elementos para
entendermos melhor o que podemos extrair das urnas. Um estudo detalhado desses
resultados é condição fundamental para um planejamento consistente e necessário, além
de, almejado por todos.
20. Temos que entender a complexidade das disputas  políticas em Minas, seus
condicionantes históricos e as transformações que estão ocorrendo, a formação sócioeconômica-cultural do nosso povo, as particularidades regionais e as dificuldades que
enfrentamos para dialogar com os setores médios da  sociedade e o chamado
conservadorismo mineiro.
UM PERÍODO DE DESAFIOS
21. Em Minas, nossa oposição ao governo Anastasia deve ser feita em todos os níveis sob
a coordenação da Direção Estadual. Para isso é preciso unificar a atuação das bancadas de
deputados estaduais e federais, de forma coordenada pelo partido, para uma atuação
conjunta. Não é mais possível atuar de forma atomizada e pontual, sem resultados práticos
na construção de um projeto que se traduza em alternativa política.
22. Nossa unidade é decisiva para garantir a presença de lideranças petistas mineiras na
composição do governo federal refletindo assim a votação vitoriosa conquistada pela
candidatura Dilma em Minas e o peso político de nosso Estado no cenário nacional.
23. O PT Mineiro tem encontrado dificuldades na sua condução a partir da crise de
2005/2006, que o abalou e provocou a perda de apoio de setores médios da sociedade.
Assim como a falta de unidade gerou desgastes políticos com as alianças em 2006, Newton Cardoso em MG, em 2008, Márcio Lacerda em BH e Hélio Costa em 2010.
24. Como conseqüência, isso acarretou sérios problemas de divisão interna face a diferença
das táticas eleitorais – diametralmente opostas – com relação ao posicionamento ao
governo Aécio Neves, explicitadas, ainda que de forma dissimulada, tanto no PED / 2009,
como nas Prévias / 2010, e que provocaram a separação do partido em partes
impressionantemente iguais, cada qual apoiando nossas principais lideranças, de um lado
Patrus Ananias e de outro Fernando Pimentel.
25. Independente das justificativas possíveis e até plausíveis, as eleições de 2010
mostraram claramente que nosso principal adversário – Aécio Neves – acabou
hegemonizando seu projeto político em Minas Gerais  (com cerca de 20 organizações
partidárias) deixando-nos fragilizados e dificultando o processo de oposição.
26. O PT em Minas Gerais ampliou sua bancada estadual (9 eleitos em 2006 para 11 em
2010), diminuiu a Bancada Federal (caindo de 9 eleitos em 2006 para 8 em 2010) e obteve
também sua maior votação ao Senado com mais 4,5 milhões de votos. Além ser a legenda
com maior peso político nacionalmente nestas eleições (88 deputados federais,149
deputados estaduais, 14 senadores e 5 governadores), vem crescendo gradativamente a
cada pleito; entretanto, sem conseguir se apresentar como alternativa política estadual; fruto
de nossas tensões internas.
27. Em BH obtivemos 23% para o governo e 29% para o senado, na candidatura petista.
Esse resultado pífio também pode ser creditado à ambígua e pragmática (do ponto de vista
de interesses pessoais) da política de diluição de nossas fronteiras programáticas com os
tucanos em BH. Diferentemente de Betim, Contagem e Nova Lima, por exemplo, na capital
sofremos ainda a derrota de Dilma Rousseff, no primeiro e no segundo turnos. Ao final, tal
política nem sequer somou votos para seu principal defensor dentro do PT.
28. E isso nos coloca desafios maiores para a reconstrução da identidade petista, para a
construção da unidade partidária e um projeto coletivo de alternativa política em Minas
Gerais.  Mantida a atuação de forma pulverizada com forte influência dos mandados e
personalismos, sem priorizar as instâncias partidárias não teremos unidade de forma
consistente para enfrentar os desafios do partido.
29. Está na hora de refletirmos com maturidade e reformularmos nossa atuação estadual,
visando a unidade político-programática, respeitadas as diversidades políticas de
experiências e práticas partidárias. E não podemos esperar outro PED (só no final de 2013),
se quisermos melhorar a atuação já nas eleições de 2012, fundamentais para acumularmos
forças para as disputas de 2014 visando enfrentar os tucanos mineiros e seus aliados.
30. A derrota de Dilma em Belo Horizonte no 1º turno para Marina e no 2º para Serra mostra
a complexidade e as dificuldades que enfrentaremos na capital. A ausência de protagonismo
partidário e o equívoco da aliança que elegeu Márcio Lacerda prefeito demonstram a perda
de influência política do PT e as resistências dos setores médios ao nosso projeto. Nesse
sentido, somos desafiados a formular uma estratégia para reconstruir a hegemonia política
em Belo Horizonte, dada a importância da capital no cenário regional e nacional.
31. Em 2012, o PT deve ser protagonista dos processos eleitorais nas principais cidades
mineiras, destacadamente Belo Horizonte e os pólos regionais visando fortalecer o Partido e
a construção de Alianças programáticas que reflitam nosso Projeto Democrático-Popular de Centro Esquerda.
32. É preciso formular estratégias estaduais para superação à resistência que os setores
médios têm em relação ao nosso Projeto e assim ampliar nossa base social na perspectiva
na construção de uma agenda para Minas.
33. Essa agenda deve passar pela nossa capacidade de retomar o diálogo com a juventude
e a classe média debatendo a questão da perspectiva de futuro, da criação de emprego de
qualidade, da cultura e do patrimônio, do lazer, do trânsito e transporte nas regiões
metropolitanas, do modelo de desenvolvimento que seja sustentável. Mostrar que somos
capazes de construir uma agenda do pré-sal que passe pela educação, pelo
desenvolvimento científico e tecnológico, pelo combate a miséria e a exclusão social e pela
busca do modelo de desenvolvimento sustentável, que insira a questão do debate
ambiental.
34. As políticas públicas sociais para permitir a inclusão social e produtiva continuarão a ser
prioridade. Mas o meio ambiente e a juventude também têm que ser bandeiras prioritárias
para o nosso partido, têm que igualmente fazer parte da nossa formulação programática
coletiva.
35. O nosso desafio está em manter nossa base social, dialogando com os setores
populares, mas também criar espaço na nossa ação política para construção dessa agenda
que dialogue com os setores médios. Fazer com que essa agenda política se traduza em
ações, em políticas públicas nas nossas Prefeituras, nas Câmaras Municipais, na
Assembléia Legislativa. O PTMG tem que envolver, mobilizar e sensibilizar, os movimentos
populares e o movimento sindical na construção dessa agenda.
36. Em Minas somos oposição, representamos outro projeto político, temos que valorizar
nossas bandeiras históricas, nossa plataforma programática. Mas temos que deixar claro
para a sociedade que vamos construir a nossa ação baseada em uma agenda política e, em
uma proposta de políticas públicas e sociais para o Estado, e assumir um papel de oposição
mais propositiva e afirmativa.
37. Daí a importância da unificação das Bancadas Estadual e Federal. Esta última, com a
incumbência de potencializar as políticas públicas do Governo Dilma em Minas Gerais, mas
em sintonia com o contraponto proporcionado pelos deputados estaduais e prefeitos no
estado.
38. Devemos dialogar com a sociedade em relação ao  governo Anastasia com os
movimentos sociais não somente denunciando a perseguição aos professores e servidores
públicos, mas seu caráter autoritário e antidemocrático, como atesta o embate vivido neste
momento pelos movimentos sociais e a oposição na Assembléia em torno do Projeto de
Resolução nº 4999/2010, as chamadas “Leis Delegadas”  que transferem ao Executivo
poderes constitucionais do Legislativo criando as condições para um novo “ Choque de
Gestão” no Estado.
TAREFAS PARA O PRÓXIMO PERÍODO
39. É fundamental que iniciemos o ano de 2011 mobilizando todo o partido. A realização de
fóruns e eventos regionais na troca de informações  e formação política, gerando fatos
políticos que pretendemos tenha reverberação nos veículos de comunicação locais / regionais, a valorização e revitalização autêntica da regionalização do PT, a construção de
uma agenda de mobilização para todo o estado, em que a Direção, deputados, lideranças e
a militância se reúnam nas macro-regiões para debater a construção coletiva dessa agenda
de diálogo com a sociedade mineira.
40. Que no final desse processo possamos ter a formulação das diretrizes de um Programa
de Governo e do Planejamento Estratégico para as eleições de 2012 com propostas
“traduzidas” para as realidades dos municípios, fortalecendo prefeitos e vereadores,
permitindo o surgimento de novas lideranças e a construção da unidade do PT pelas bases,
com a contribuição da militância para aprimorarmos  a melhor forma de atuação
regionalizada.
41. Temos que colocar como meta para o final de 2011 a construção das diretrizes de
programas de governo, incorporando essa agenda de diálogo com os setores médios, os
movimentos sociais, populares, sindicais e religiosos, reforçando nossas propostas de
transformação social no Brasil.
42. A eventual polarização com o Governo Anastasia permitirá discutirmos com mais clareza
os rumos de nosso Projeto Nacional / Estadual. Torna-se necessário e urgente traduzir o
Projeto Petista em Minas Gerais.
43. Precisamos buscar, respeitando a realidade de cada município, estabelecer uma política
de aliança coerente e consequente para as eleições de 2012. É fundamental a consolidação
do campo político de caráter democrático e popular e da unidade partidária com o empenho
e presença de lideranças políticas regionais e estaduais nos municípios.
44. A construção das condições de nos tornarmos uma alternativa viável em 2014 começa
nas nossas ações de 2011. O acúmulo político partidário para uma vitória em 2014 passa
obrigatoriamente pela ampliação da nossa base social, novas filiações sem artificialismos ou
construção de maiorias para alimentar disputas internas, pela nossa capacidade de construir
alianças políticas e sociais, pelo nosso estreitamento com os movimentos sociais,
populares, religiosos e sindicais, mas, fundamentalmente, passa por conseguirmos traduzir
a nossa agenda em propostas concretas para a sociedade mineira, inclusive para os seus
setores médios de forma unitária.
45 - Partindo do pressuposto que o Senador Aécio Neves se consolida como porta-voz do
PSDB e líder da oposição neoliberal, cabe ao PTMG ser o contraponto primordial a esse
projeto tucano. Cabe ao DN e ao nosso governo federal o reconhecimento dessa condição
estratégia de nosso estado.
46 - Candidaturas próprias em 2012 – Para fortalecer nossa alternativa em Minas Gerais,
em oposição ao governo tucano e na construção do projeto democrático e popular, o
Diretório Estadual orienta o lançamento de candidatura própria, sempre buscando unir o
campo aliado. Na capital e cidades pólos deve-se fazer um esforço especial neste sentido.
As alianças com partidos que apóiam o governo Dilma devem se dar sempre rechaçando
aliança com PSDB, DEM e PPS.
47 - Participação do PTMG no primeiro escalão – O Diretório Regional de Minas Gerais
reitera junto do Diretório Nacional a necessidade de Minas Gerais ter uma participação
qualificada e representativa do partido no primeiro escalão do governo federal. Nesse
sentido, o DE reitera a posição da executiva estadual indicando Patrus e Pimentel como integrantes do Ministério da Presidenta Dilma, sem  prejuízo de outros quadros petistas
mineiros no governo.
48 - Quanto à composição dos espaços no governo federal, após ouvir as lideranças, as
bancadas estaduais e federais, os nomes devem ser apresentados e discutidos por meio de
sua direção estadual.

Belo Horizonte/MG, 4 de dezembro de 2010.
DIRETÓRIO ESTADUAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES DE MINAS GERAIS

CARAVANA PARA BRASÍLIA


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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Senador de Minas já pensa em 2014


Aécio vai a Brasília para iniciar articulações de projeto 2014
Senador eleito tem encontro com bancadas, despedida de Tasso Jereissati e jantar com Eduardo Campos

O ex-governador de Minas e senador eleito Aécio Neves (PSDB) estará em Brasília, nesta terça e quarta-feira, para dar início a uma série de conversas e negociações para o seu projeto de se tornar candidato à Presidência da República em 2014. O primeiro passo é comandar o PSDB e aumentar o leque de apoios ao partido.
A agenda de Aécio em Brasília tem três compromissos principais: reunir-se com as bancadas da Câmara e do Senado; ouvir o discurso de despedida do senador tucano cearense Tasso Jereissaiti - que não se reelegeu - e jantar com o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Segundo interlocutores do ex-governador mineiro, Aécio quer sentir de perto um respaldo para poder se consolidar como principal representante do PSDB e da oposição como um todo. Há duas semanas, o ex-governador paulista e candidato derrotado à Presidência José Serra(PSDB) esteve em Brasília para conversar com as bancadas.

A visita de Serra foi marcada por uma discussão áspera entre ele e o atual presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE). O tucano paulista ficou irritado com a versão de que poderia assumir o comando do Instituto Teotônio Vilela, órgão vinculado ao PSDB. A tese é a de que Serra teria atribuído a Guerra a difusão da informação.
Nos bastidores, Guerra tenta permanecer no comando do PSDB. O partido já decidiu que haverá convenções municipais, estaduais e nacional, respectivamente, em março, abril e maio. O grupo ligado a Serra ainda tenta articular para que o ex-governador volte ao comando da sigla. Em 2003, após perder para Lula, ele assumiu a presidência do partido.
Aécio tem dito que não quer ser candidato a presidente do PSDB para não bater de frente com Serra. Logo após o resultado da eleição, lançou nos bastidores o nome de Tasso para o comando do partido. Apesar de o cearense ter se reaproximado de Serra, Tasso sempre rivalizou com o ex-governador paulista dentro do PSDB.
Nesta quarta-feira, Aécio irá prestigiar o discurso de Tasso. O mineiro também arranjou espaço na agenda para um encontro com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Há duas semanas, quando Serra esteve no plenário, Sarney estava no comando da sessão, mas não citou o tucano no recinto.

NOVO MINISTRO DO TURISMO

Deputado Pedro Novais será o novo ministro do Turismo

BRASÍLIA - A presidente eleita, Dilma Rousseff, convidou nesta terça-feira de manhã o deputado Pedro Novais (PMDB-MA) para assumir o Ministério do Turismo. Seu nome constava de uma lista com vários deputados que lhe foi apresentada pela direção do PMDB. Pedro Novais, que é ligado ao grupo político do presidente do Senado, José Sarney, aceitou o convite. (Leia também: Dilma oferece Previdência a peemedebista Eduardo Braga )

Neste momento, a presidente eleita está almoçando com o seu vice, o presidente do PMDB, Michel Temer. No encontro o partido pretende reivindicar uma outra pasta para o Senado que não seja a da Previdência. Os senadores do PMDB indicam o nome do senador eleito Eduardo Braga (AM) e estão sugerindo que ele seja nomeado para o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio.




segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

REUNIÃO DO DIRETÓRIO DO PT

Fotos da última reunião do PT em 2010, na sede do SIND-UTE

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

LULA ! O PRESIDENTE DO POVO BRASILEIRO !

  
 


UMA VISÃO DIFERENTE SOBRE A "GUERRA" NO RIO DE JANEIRO

Um violento jogo de poder envolve facções, milícias e agentes públicos, no qual se confundem mocinhos e bandidos
Leandro Uchoas
do Rio de Janeiro (RJ)

Mais de 100 veículos incendiados, granadas e tiros contra delegacias, pelo menos 52 mortos, assaltos em profusão, pequenos arrastões, tiroteios em comunidades pobres. Na penúltima semana de novembro, o Rio de Janeiro esteve entregue à barbárie. Em pânico, parte da população deixou de ir ao trabalho, de frequentar bares, de transitar livremente pelas ruas. E comunidades inteiras, especialmente na Zona Norte, ficaram reféns dos “soldados” do narcotráfico e da insanidade de setores da polícia. Como tem sido comum nesses períodos, a opinião pública assumiu posições conservadoras. Exigia-se punição dura, resultados imediatos. Para os setores sociais de espírito crítico mais desenvolvido, porém, ficou a sensação de que assistia pela TV, ou lia pelos jornais, a uma farsa.

A onda de violência começou no dia 21 de novembro. Carros e ônibus foram queimados pela cidade por jovens ligados ao Comando Vermelho (CV), aliados a setores da Amigo dos Amigos (ADA). Os narcotraficantes teriam se unido contra a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nos territórios anteriormente controlados por eles, segundo o discurso oficial. Estudiosos de Segurança Pública consideram essa uma explicação incompleta – além de oportuna ao governo estadual, por supor que a ação criminosa seria a resistência a um bom trabalho. Verdade é que a outra facção expressiva, o Terceiro Comando Puro (TCP), tem se aliado informalmente às milícias, em regiões da cidade, contra as outras duas. Até o aluguel de duas favelas aos grupos paramilitares teria ocorrido. De fato, TCP e milícias têm sido menos afetadas pelas UPPs. A pergunta não respondida, e sequer midiatizada, permanece: por que o Estado evita instalar UPPs nessas áreas?

Correu boato pela cidade, em fase de investigação, de que as ações seriam decorrentes da insatisfação com o aumento no valor da propina a policiais. Por enquanto, a explicação mais lúcida para a onda de violência é a perda de espaço do CV na geopolítica do crime. As milícias, ameaça maior, avançam território, e o setor nobre da cidade, altamente militarizado, segue protegido pelas UPPs. “Aqui no Rio há uma reconfiguração geopolítica do crime”, interpreta José Cláudio Alves, vice-reitor da UFRRJ. Ele explica que existe uma redefinição das relações de hegemonia, envolvendo disputa de território. O mapa de instalação das UPPs, somado à expansão das milícias, estaria levando à periferização do CV. A facção tende a se deslocar para as regiões da Leopoldina, da Central do Brasil e da Baixada Fluminense. “Isso leva, inclusive, à introdução veloz do crack no Rio de Janeiro. Ele é baratíssimo. A reconfiguração do crime também leva à reconfiguração do consumo da droga”, explica. Até 2009, o crack praticamente não entrava na cidade.

Tráfico em decadência
ainda a interpretação de que o modelo de negócios que se forjou no Brasil, do narcotráfico, estaria em declínio. A milícia, por modernizar o crime, apropriando-se de serviços públicos e disputando a política institucional, teria tornado a economia da droga obsoleta. O ex-secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, que se negou a atender jornalistas, divulgou artigo defendendo a tese. “O tráfico tende a se eclipsar, derrotado por sua irracionalidade econômica e sua incompatibilidade com as dinâmicas políticas e sociais predominantes, em nosso horizonte histórico. O modelo do tráfico armado, sustentado em domínio territorial, é atrasado, pesado, antieconômico: custa muito caro manter um exército, recrutar neófitos, armá-los, mantê-los unidos e disciplinados”, diz.

As ações das facções na cidade, em geral, objetivaram sobretudo gerar pânico. Em meio aos veículos queimados, houve poucos feridos. A reação policial foi de potência inédita. Foram mobilizadas todas as polícias, oficiais de outros estados, todo o efetivo em férias e reforços da Marinha, Exército e Aeronáutica. Os blindados, emprestados pela Marinha, eram de forte poderio bélico. Um deles, o M-113, é usado pelos Estados Unidos no Iraque. Cerca de 60% dos oficiais em operação estiveram com a Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (Minustah). O general Fernando Sardenberg declarou ao O Globo que há similaridade nas ações do Rio e do Haiti. Sandra Quintela, da Rede Jubileu Sul, que acompanha a ocupação do Haiti, considerou o dado grave. “Há muito tempo estamos avisando que isso iria acontecer. Eles treinam lá para praticar aqui”, disse.

As autoridades não explicaram por que o TCP e as milícias não perdem território com as UPPs. Desconfia-se que haja pactos tácitos. “Há o controle eleitoral dessas áreas de milícias por grupos políticos. O Estado não vai jamais debelar isso, porque ele já faz parte, e disso depende sua reprodução em termos políticos, eleitorais. Ele está mergulhado até a medula”, diz José Cláudio. As UPPs têm sido instaladas num corredor nobre do Rio de Janeiro – bairros ricos da zona sul, região do entorno do Maracanã e arredores da Barra da Tijuca. Os narcotraficantes já vinham se refugiando, há tempos, na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão. “Era um tanto quanto previsível que essa barbárie pudesse acontecer”, acusa o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj.

Combate seletivo
O professor Ignácio Cano, do Laboratório de Análise de Violência da Uerj, também desconfia do privilégio da atuação do Estado contra o CV. “Há um tratamento seletivo da polícia, aparentemente. A milícia tende a não entrar em confronto armado com o Estado, e vice-versa”, diz. Embora veja avanços, o sociólogo se diz preocupado com a ação policial, que pode representar um recuo do Estado a posições mais recuadas do passado. O Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou em entrevista coletiva que a ADA é uma facção mais “pacífica”, mais preocupada com o comércio de drogas. O CV seria mais “ideológico”, estaria mais disposto à guerra.

Para Antônio Pedro Soares, do Projeto Legal, o modelo de Segurança Pública do governo teria ajudado a gerar esse conflito. As áreas “pacificadas” seriam planejadas de acordo com os interesses da especulação imobiliária. “O que está acontecendo tem a ver com a política de Segurança, que precisa ser melhor discutida. Continua a lógica de uma polícia controlando uma população considerada perigosa”, afirma. Em sua maioria, os ativistas de direitos humanos não negam a necessidade de se prender os narcotraficantes. Entretanto, combatem a execução sumária, e acusam o Estado de perseguir apenas os bandidos da base da pirâmide do crime. “É uma guerra em que só morre um lado, uma cor, uma classe social. É simbólico que tenha acontecido na Semana da Consciência Negra, e dos 100 anos da Revolta da Chibata”, afirma Marcelo Edmundo, da Central de Movimentos Populares (CMP). Desconfia-se que o número de mortos seja muito maior do que o divulgado.