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terça-feira, 30 de novembro de 2010

ELEIÇÕES DA CÂMARA


Caros companheiros(as) e amigos(as),

Quero em poucas linhas dizer o que vi e senti na reunião da Câmara de hoje, onde foi eleita a nova mesa da Câmara para o biênio 2011-2012. 

Todas as vezes em que fui à Câmara acompanhar reuniões, e foram pouquíssimas vezes em que isso aconteceu, sempre tive o sentimento que aquilo que se falava da tribuna era teatro. Tudo estava resolvido antes, na famosa reunião dos "acordos", que até entendo e sei que a democracia tem nuances que as vezes não entendemos, mas que faz parte do jogo. 

O clima era tenso. Cheguei à Câmara por volta das 15h30 com três correspondências da executiva  endereçadas aos três vereadores do PT, com o fechamento de questão no apoio ao chamado "grupo dos oito" que tinham como postulantes os vereadores Claudinei e Dalton, 1º e 2º vice presidente respectivamente. O partido já havia tomado esta decisão internamente e seria importante a lembrança para a bancada.

Começa a reunião com o requerimento do vereador Caio Dutra pedindo o adiamento da eleição alegando vícios no processo de inscrição das chapas. Reclamava que o prazo para inscrição se encerrou às 17 horas, e que sua chapa foi inscrita depois do horário. Uai ! pensei ! então não deveria nem estar concorrendo, era eleição de chapa única. Quem estava na ilegalidade era sua própria chapa. E mais, a chapa que poderia se sentir lesada, não reclamava. 

A jogo era outro. Acho. Continuar a reunião era certeza de derrota. Adiar a eleição era o tempo necessário para convencer outros pares a apoiar outra chapa. Ou, perder? tudo bem, mas dependia de como seria esta derrota. Não tinha nada de ilegal no processo e a reação do vereador Claudinei Dias foi exatamente proporcional à indignação da platéia presente. Acho que muitos se assustaram com o discurso inflamado de Claudinei, inclusive seus companheiros de Câmara.

Depois disso, o presidente Duílio paralisa a reunião por tempo indeterminado para que os vereadores pudessem se reunir separadamente do povo, para entrarem num acordo. Sei. 

Na volta a grande surpresa. Depois de uma interrupção com ânimos inflamados, a volta foi uma calmaria só, com direito a momentos de emoção. Caio Dutra desiste de ser candidato, apóia Toninho Rogério, e num efeito dominó todos da chapa do então candidato Caio, desistem das candidaturas. Resultado: eleição em chapa única. Olha só, parece que estava adivinhando. O acordo foi feito a portas fechadas e ninguém sabe seus termos. E acho que nunca iremos saber. Fato é que o consenso foi encontrado e para isto que serve o diálogo e espero que tudo tenha sido feito em alto nível.

Agora nos resta sonhar com uma direção de Câmara melhor. Pesquisas internas de avaliação que vi durante a campanha de 2010 mostrava uma Câmara muito mal avaliada pela população. 

Como sonhar não custa nada, proponho ações importantes para a próxima direção:

* Reuniões em horário diferente. 15 horas é horário em que a população não pode participar

* Revisão do Regimento interno da Câmara

* Realização de concurso público para diversos cargos administrativos da Câmara.

* Se já existe não é atuante, e se não existe, criar a Comissão de Participação Popular. Levar a Câmara para reuniões nos bairros, escolas, associações. Criar o Parlamento Jovem.

* Pautar a discussão dos grandes problemas que o município enfrenta: educação, saúde, reforma urbana, plano diretor, orçamento participativo, saneamento e água, violência e drogas etc...

* Promover a transparência da Câmara, com prestação de contas via web de tudo que a Câmara recebe e gasta. Mostrar como é gasta a verba a que todo gabinete tem direito, que acho que chega a 6.000,00 mensais. O ministério público já está de olho neste gastos, então, como disse Carlão no seminário que o PT realizou: "onde está um pouco escuro, devemos jogar luz."

* Criar leis que beneficiem a maioria da população.

* Ter boa interlocução com o executivo para aprovação de projetos de interesse para a cidade.


São pequenas ideias. Sonhos demais.

Parabéns à nova mesa diretora da Câmara. Parabéns ao grande articulador do grupo dos oito: Claudinei Dias.


NORMALIDADE ANORMAL !



A comunidade está tão acostumada com tráfico que consegue se acostumar com outro lado da moeda. A gente tem que respeitar o procedimento da polícia e tentar conviver com eles da melhor forma possível. O importante é conseguir ir vivendo, ir levando a vida.

Morador do Complexo do Alemão

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O OUTRO LADO DA INVASÃO DO ALEMÃO

Após ocupação da Vila Cruzeiro, Paulo Lins prevê chacina no Complexo do Alemão no RJ

Por: Nicolau Soares, especial para a Rede Brasil Atual
  

São Paulo – "A polícia ocupou as favelas, monitorou a transferência dos criminosos para o Complexo do Alemão, e agora vão matar todo mundo", prevê o escritor carioca Paulo Lins, autor de Cidade de Deus. Para ele, os movimentos da polícia conduzem a situação para uma "grande chacina". Para Lins, os 96 incêndios em veículos e arrastões desde domingo (21) no Rio de Janeiro, atribuídos ao crime organizado, "deram o motivo" para o que ele chama de massacre. O maior problema é que isso pode não resolver o problema da segurança no Rio.
"No governo de Sérgio Cabral, desde o início, mata-se muita gente. E no Brasil não tem pena de morte, essa é a minha ressalva", afirma. "Não acho que vão pegar esses criminosos, prender, apresentar a sociedade, levar para presídio e recuperar esses homens; eles vão matar", prevê em entrevista à Rede Brasil Atual. O escritor revela ter ouvido relatos de moradores da comunidade de Cidade de Deus, na zona oeste da cidade, onde Lins cresceu, de execuções sumárias pela polícia de pessoas já rendidas. "Eu já vi isso a minha vida toda. Vai acontecer uma 'bela chacina' e gerar mais ódio", lamenta.
O escritor se diz favorável à ocupação das comunidades e à política de instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), mas condena a forma como foram implantadas. "A ocupação em si é louvável, tem de ocupar, prender os bandidos, tirá-los de circulação, até porque eles aliciam outros jovens, servem de exemplo. Tirá-los de circulação é boa ideia, mas tem que prender, não matar", diz.
"Nas primeiras favelas (em que foram implantadas UPPs) houve conflito entre polícia e tráfico. Depois, os policiais começaram a avisar publicamente que iam ocupar a favela, e os bandidos passaram a sair antes. Eles foram para outras, para a Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão. Toda essa movimentação foi monitorada, o Estado sabia que esses bandidos estavam ali. E agora vai acontecer uma chacina", reitera.
Lins destaca que os ataques feitos pelos crime organizado não provocaram vítimas fatais. "Só a polícia matou, inclusive com bala perdida. O mais marcante para mim foi uma criança de 15 anos que morreu com uma bala perdida. Se acontecesse na zona sul (área nobre da cidade), a imprensa toda estava falando nisso. Como ela é pobre, mora na favela, é visto como normal, como vítima de guerra", acusa. Segundo a Polícia Militar, até quinta-feira (25), o saldo das operações é de 192 pessoas presas, 25 mortos e três policiais feridos.

Excessos

Ele considera errada a estratégia da polícia, que se apoia em violência que seria desnecessária. “Quando prenderam o (narcotraficante) Elias Maluco, eles não deram um tiro. Acontece que o Estado é burro e tinha que ser inteligente. Eles vão matar 50, 100 bandidos e vão achar mais mil, isso não resolve", critica.
"Matar bandido preto e pobre não é coisa nova no Brasil, o país vem fazendo isso há muitos anos e não resolveu nada. Vai gerar mais ódio, mais rancor, e vão aparecer mais bandidos se não tiver uma política de prevenção", defende. “Ou então, deveria ter política de extermínio de bandido rico também. Se a pena de morte valer para bandido pobre, tem que valer também para bandido rico, inclusive bandido político. Bandido rico nem preso vai”, dispara.
O apoio da população às ações do Estado é esperado por Lins nessa situação de medo. “Lógico que vai aprovar, a população civil esta acuada pelos bandidos, com medo desses incêndios. A imprensa faz parte da sociedade e apoia também. Mas realmente esse foi um motivo que deram para se fazer uma chacina e 'limpar' a cidade", diz.

Ação social

O escritor defende a presença do Estado nas comunidades por meio de ações sociais, especialmente de educação. "O Estado tem que dar suporte de educação, cultura e esporte para a população toda, como existe para a classe média", compara. "O pessoal na periferia é revoltado, há uma revolta social muito grande. Tem de melhorar o salário do trabalhador, é o filho dele que entra para a criminalidade. Não se fala agora em escola boa, e o parâmetro para isso já existe, é só pegar a escola de classe media, que é exemplo", questiona.
Para isso, o poder público precisaria "tomar o domínio das cadeias" por meio de um processo de humanização do sistema carcerário e investimento na recuperação dos presos. "Não adianta transferir presos. O Estado tem que retomar o domínio das cadeias e vai fazer isso com projetos de recuperação, com educação, médico, trabalho – sobretudo trabalho. Esse pessoal não pode ficar parado”, sustenta Lins.
Lins se diz contrário ao recrudescimento de penas contra lideranças das facções criminosas. "Tem de  fazer essas pessoas enxergarem o quanto é importante o trabalho, a produção. É isso que tem de fazer, não endurecer mais. Isso 

terça-feira, 23 de novembro de 2010

NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESTE PAÍS...


Dez blogs entrevistarão o Presidente Lula. 
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O Presidente Lula concederá a primeira entrevista à blogosfera, nesta quarta-feira, no Palácio do Planalto. Dez blogs foram convocados para a missão, e o Acerto de Contas é um deles.
Os blogueiros confirmados para a entrevista são: Altamiro Borges (Blog do Miro), Altino Machado (Blog do Altino), Cloaca (Cloaca News), Conceição Lemes (Viomundo), Eduardo Guimarães (Cidadania), Leandro Fortes (Brasilia, Eu Vi), Pierre Lucena (Acerto de Contas), Renato Rovai (Blog do Rovai), Rodrigo Vianna (Escrevinhador) e Túlio Vianna (Blog do Túlio Vianna).).
A entrevista acontecerá às 9 horas da manhã, e será transmitida ao vivo pelo Blog do Planalto, e pelos 10 blogs que estarão presentes. Será uma entrevista coletiva. O público também poderá fazer perguntas ao presidente.
Só hoje pudemos divulgar a entrevista, porque a agenda presidencial sofre constantes mudanças, mas o Palácio já confirmou.

MANDATO PARLAMENTAR PARTICIPATIVO

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O PREFEITO DE BH QUE O PT APÓIA. INFELIZMENTE.

                          

   Lacerda privatiza 81 bens públicos de Belo Horizonte



Carlos Alberto Cândido *
Está no noticiário, mas ninguém parece ter se dado conta da importância do fato nesta cidade de imprensa submissa: o prefeito Márcio Lacerda (PSB) vai promover a maior privatização de bens públicos que Belo Horizonte e talvez qualquer cidade brasileira já viu. Serão 81 imóveis municipais, que irão a leilão, inclusive o Mercado Distrital da Barroca e a mansão residencial do prefeito, localizada às margens da Lagoa da Pampulha, próximo do Museu de Arte, e que tem um painel de Guignard. A informação é que o painel será retirado, mas até que isso aconteça, é melhor desconfiar.
O pior, porém, é ver dezenas de terremos desocupados, com tamanhos variando entre 1 mil e 10 mil metros quadrados, segundo notícia do Estado de Minas, se transformarem em mais espigões. Se tem uma coisa de que Belo Horizonte não precisa hoje é que áreas públicas se transformem em empreendimentos imobiliários. Muito melhor seria ver esses lotes virarem praças e parques, para lazer da população, com muitas árvores para ajudar a despoluir o ar. Ao contrário do que se diz, Belo Horizonte tem pouquíssimas áreas verdes; tem muitas árvores, mas elas estão nos passeios.

Para piorar a situação, o prefeito gosta de privatizar espaços públicos, como fez com a Praça da Estação, cujo uso agora só se dá mediante pagamento de aluguel. E gosta também de transformar áreas verdes em empreendimentos imobiliários, como está fazendo com a Mata do Isidoro, que será transformada na Vila da Copa, visando a abrigar delegações para a Copa da Fifa.

A privatização dos espaços públicos será certamente a marca do mandato do prefeito empresário, que tenta administrar Belo Horizonte como uma empresa: o que não dá lucro – cultura, por exemplo – não tem serventia. Não à toa recebeu vaia monumental do maior auditório da cidade, o Palácio das Artes, durante o Festival Internacional de Teatro (FIT), em agosto passado. Já tinha passado por isso na festa de encerramento do festival Comida di Buteco, em maio.

Empresário da cidade, o prefeito atua como auxiliar do capital, que destrói rapidamente todos os espaços vazios da cidade, derruba casas, escolas e até clubes – como acontecerá, ao que tudo indica, com o centro de lazer do América, no Bairro Ouro Preto – para erguer no lugar enormes edifícios.

É dever da prefeitura conter a especulação imobiliária, em defesa da qualidade de vida para os belo-horizontinos. Em vez disso age ela também a favor da deterioração do município. A intenção, diz a notícia, é fazer um caixa de R$ 200 milhões. O mercado vale no mínimo R$ 19,5 milhões; a casa do prefeito, R$ 1 milhão (só? Este é o preço de um apartamento na zona sul…). O governo FHC mostrou o que acontece com dinheiro de privatizações: desaparece sem trazer nenhum benefício social.

É incrível que nenhum representante dos belo-horizontinos, nenhum vereador, nenhuma organização da sociedade tenha ainda se levantado contra a realização desse crime contra o patrimônio público,
 movendo, inclusive, uma ação na justiça.


* Jornalista





domingo, 21 de novembro de 2010

A MÍDIA, SEGUNDO MARILENA CHAUÍ.



Marilena Chauí: “A mídia brasileira é uma das mais autoritárias do mundo”

A guerra se deu entre o preconceito e a verdadeira informação
Em entrevista à Carta Maior, Marilena Chauí avalia a guerra eleitoral travada na disputa presidencial e chama a atenção para a dificuldade que a oposição teve em manter um alvo único na criação da imagem de Dilma Rousseff: “o preconceito começou com a guerrilheira, não deu certo; passou, então, para a administradora sem experiência política, não deu certo; passou para a afilhada de Lula, não deu certo; desembestou na fúria anti-aborto, e não deu certo. E não deu certo porque a população dispõe dos fatos concretos resultantes das políticas do governo Lula”. Para a professora de Filosofia da USP, essa foi a novidade mais instigante da eleição: a guerra se deu entre o preconceito e a verdadeira informação. E esta última venceu.
da Redação de Carta Maior
Carta Maior:  Qual sua avaliação sobre a cobertura da chamada grande mídia brasileira nas eleições deste ano? Na sua opinião, houve alguma surpresa ou novidade em relação à eleição anterior?
Marilena Chauí: Eu diria que, desta vez, o cerco foi mais intenso, assumindo tons de guerra, mais do que mera polarização de opiniões políticas. Mas não foi surpresa: se considerarmos que 92% da população aprovam o governo Lula como ótimo e bom, 4% o consideram regular, restam 4% de desaprovação a qual está concentrada nos meios de comunicação. São as empresas e seus empregados que representam esses 4% e são eles quem têm o poder de fogo para a guerra.
O interessante foi a dificuldade para manter um alvo único na criação da imagem de Dilma Rousseff: o preconceito começou com a guerrilheira, não deu certo; passou, então, para a administradora sem experiência política, não deu certo; passou, então, para a afilhada de Lula, não deu certo; desembestou na fúria anti-aborto, e não deu certo. E não deu certo porque a população dispõe dos fatos concretos resultantes das políticas do governo Lula.
Isso me parece a novidade mais instigante, isto é, uma sociedade diretamente informada pelas ações governamentais que mudaram seu modo de vida e suas perspectivas, de maneira que a guerra se deu entre o preconceito e a verdadeira informação.
CM: Passada a eleição, um dos debates que deve marcar o próximo período diz respeito à regulamentação do setor de comunicação. Como se sabe, a resistência das grandes empresas de mídia é muito forte. Como superar essa resistência?
MC: Numa democracia, o direito à informação é essencial. Tanto o direito de produzir e difundir informação como o direito de receber e ter acesso à informação. Isso se chama isegoria, palavra criada pelos inventores da democracia, os gregos, significando o direito emitir em público uma opinião para ser discutida e votada, assim como o direito de receber uma opinião para avaliá-la, aceitá-la ou rejeitá-la.
Justamente por isso, em todos os países democráticos, existe regulamentação do setor de comunicação. Essa regulamentação visa assegurar a isegoria, a liberdade de expressão e o direito ao contraditório, além de diminuir, tanto quanto possível, o monopólio da informação.
Evidentemente, hoje essa regulamentação encontra dificuldades postas pela estrutura oligopólica dos meios, controlados globalmente por um pequeno número de empresas transnacionais. Mas não é por ser difícil, que a regulamentação não deve ser estabelecida e defendida. Trata-se da batalha moderna entre o público e o privado.
CM: Você concorda com a seguinte afirmação: “A mídia brasileira é uma das mais autoritárias do mundo”?
MC: Se deixarmos de lado o caso óbvio das ditaduras e considerarmos apenas as repúblicas democráticas, concordo.
CM: Na sua opinião, é possível fazer alguma distinção entre os grandes veículos midiáticos, do ponto de vista de sua orientação editorial? Ou o que predomina é um pensamento único mesmo.
MC: As variações se dão no interior do pensamento único, isto é, da hegemonia pós-moderna e neoliberal. Ou seja, há setores reacionários de extrema direita, setores claramente conservadores e setores que usam “a folha de parreira”. A folha de parreira, segundo a lenda, serviu para Adão e Eva se cobrirem quando descobriram que estavam nus.
Na mídia, a “folha de parreira” consiste em dar um pequeno e controlado espaço à opinião divergente ou contrária à linha da empresa. Às vezes, não dá certo. O caso do Estadão contra Maria Rita Kehl mostra que uma vigorosa voz destoante no coral do “sim senhor” não pode ser suportada.

JORNALISMO SÉRIO





FIM DE DÉCADA
A imprensa cansada
Por Alberto Dines em 19/11/2010

Vinte dias depois de terminada uma das mais renhidas campanhas eleitorais, a chamada grande imprensa ainda não conseguiu se reencontrar. Parece nocauteada: não recuperou a sua energia, entonação, nem a velha dimensão.
Perdeu o jeito – na verdade a grande imprensa ficou pequena. Não conseguiu adaptar-se à súbita mudança nas esferas do poder. Parece de ressaca.
Não percebeu que até o dia 31 de outubro dependia exclusivamente do presidente da República, era viciada em Lula, ele comandava o espetáculo, ele comandava o noticiário. Agora, o presidente recolheu-se, passou a operar nos bastidores enquanto a sucessora está completamente absorvida pelo desafio de montar a sua equipe, organizar as prioridades, montar os bastidores e as rotinas.

Balanço negativo
É preciso reconhecer que o poder também não se encontrou, nem se consolidou. Dilma Rousseff levará algum tempo para encontrar um estilo e descobrir o seu tom.
Neste clima generalizado de intervalos, onde impera o silêncio depois de um longo e cansativo berreiro, fica visível que a imprensa está patinando, perdeu as referências, não tem onde se agarrar, sobretudo está exibindo sem qualquer disfarce a sua velha fraqueza: não sabe viver sem declarações.
Pior: precisa ser pautada, não tem agenda própria. Não sabe ver o mundo, muito menos colocar-se nele. Sem o Enem e a débâcle de Silvio Santos teríamos os jornalões tratando apenas de crimes e futebol.
O Natal promete ser lucrativo – isso basta, já que nossos jornais são uma extensão do comércio. Depois virá o verão com as suas banalidades.
O quadro é ainda pior na mídia digital – que no Brasil, aliás, só existe como reverberação, incapaz de inventar-se para ocupar os espaços que uma mídia impressa cansada lhe oferece graciosamente.
O encerramento da primeira década do século 21 merecia olhares mais atentos e ânimos menos acirrados.

FOTO INSTIGANTE !

Crianças brincando em Jerusalém.

AZEREDO QUER LIMITAR USO DA INTERNET


CUT: O AI-5 DIGITAL AVANÇA




No início de outubro, em um Congresso Nacional esvaziado enquanto o Brasil discute as eleições, o Projeto de Lei (PL) 84/99 do senador Eduardo Azeredo, do PSDB de José Serra, foi aprovado em duas comissões na Câmara.
Também conhecido como “AI-5 digital”, uma referência ao Ato Institucional nº 5 que o regime militar baixou em 1968 para fechar o parlamento e acabar com a liberdade de expressão, o PL permite violar os direitos civis, transfere para a sociedade a responsabilidade sobre a segurança na internet que deveria ser das empresas e ataca a inclusão digital.
O projeto de Azeredo passa também a tratar como crime sujeito a prisão de até três anos a transferência ou fornecimento não autorizado de dado ou informação. Isso pode incluir desde baixar músicas até a mera citação de trechos de uma matéria em um blog.
Conheça os principais pontos do projeto do Azeredo.
1. Quebra de sigilo
Ironicamente, o PL do parlamentar ligado ao partido que se diz vítima de uma suposta quebra de sigilo nas eleições, determina que os dados dos internautas possam ser divulgados ao Ministério Público ou à polícia sem a necessidade de uma ordem judicial. Na prática, será possível quebrar o sigilo de qualquer pessoa sem autorização da Justiça, ao contrário do que diz a Constituição.
2. Internet para ricos
Azeredo quer ainda que os provedores de acesso à Internet e de conteúdo (serviços de e-mail , publicadores de blog e o Google) guardem o registro de toda a navegação de cada usuário por três anos, com a origem, a hora e a data da conexão.
Além de exemplo de violação à privacidade, o projeto deixa claro: para os tucanos, internet é para quem pode pagar, já que nas redes sem fio que algumas cidades já estão implementando para aumentar a inclusão digital, várias pessoas navegam com o mesmo número de IP (o endereço na internet).
3. Ajudinha aos banqueiros
Um dos argumentos do deputado ficha suja reeleito em 2010 – responde a ação penal por peculato e lavagem ou ocultação de bem –, é que o rastreamento das pessoas que utilizam a internet ajudará a acabar com as fraudes bancárias. Seria mais eficaz que os bancos fossem obrigados a adotar uma assinatura digital nas transações para todos os clientes. Mas, isso geraria mais custos aos bancos e o parlamentar não quer se indispor com eles.
O que acontece agora?
Atualmente, o “PL Azeredo” tramita na Câmara de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara e aguarda a posição do relator Júlio Semeghini, do PSDB-RJ.
A má notícia é que foi esse deputado que garantiu, em outubro de 2009, que o projeto aguardaria o desenrolar dos debates para seguir tramitando. Mas, Semeghini fez o contrário do prometido e tocou o projeto adiante.
Com a provável aprovação, a última alternativa para evitar que vire lei e acabe com a democracia digital no Brasil será o veto do próximo presidente.
(*) Texto publicado originalmente por Luiz Carvalho no site da CUT, e republicado do Vi o mundo.

Dilma é Dilma !

por Mauricio Dias, na CartaCapital
Os movimentos iniciais da presidente eleita Dilma Rousseff reafirmam a temida visão dos inseguros, homens e mulheres, de que ela é pessoa de personalidade forte. É sim e tem, também, mostrado identidade própria.
Dilma não é Lula. A criatura é diferente do criador. Assim, ela sabe que Lula é um político de carisma e popularidade insuperáveis e, por isso, não buscará esse caminho.
Parte da imprensa não percebeu que ela foi ministra de Lula, foi escolhida candidata por Lula, foi eleita pela popularidade do governo e com apoio do presidente Lula, mas, embora mantenha estreita relação política com Lula, é, agora, a futura presidente. Dilma tem quebrado padrões de referência na corte brasiliense. Fez isso ao se transferir, discretamente, para a Granja do Torto. E faz isso, ostensivamente, ao evitar a imprensa que, nesta fase, pratica o jogo natural da especulação em torno da composição do ministério. Um campo propício para as intrigas.
É o início da metamorfose necessária e essencial entre o que ela foi e o que ela será: uma mulher na Presidência.

PRECONCEITO NA PUC/SP

A intolerância na PUC-SP

Estudante de Direito é vítima de racismo na PUC de São Paulo
A estudante do último ano de direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) Meire Rose Morais sofreu ofensas com conteúdo racista de uma colega de sala. De acordo com ela, as agressões
se deram em uma lista de e-mails. Meire relata que é comum os bolsistas negros do Prouni serem tratados de maneira preconceituosa.
“Ela manda os e-mails com vários contextos que discriminam a questão racial: ‘esse creme que você usa para emplastar seu cabelo’.  Ela faz uma ofensa pelos elementos raciais que eu possuo. Eu tenho o cabelo crespo, cacheado e para ele não armar muito eu passo bastante creme.”
Meire é solteira e mãe de três filhos. Dentro de um mês se formará aos 46 anos de idade. Ela conta que foram feitas referências até mesmo a um problema no pé que a obriga a usar sandálias.
“Ela deixa bem claro o que ela entende das pessoas negras, que é tudo bandido, ladrão. Eu nunca imaginei que pudesse causar tanto problema. Eu passei cinco dias chorando na faculdade. Eu não conseguia me vestir direito, eu tinha medo de sair de casa e as pessoas rirem de mim. Eu tive dificuldades para colocar de novo a minha sandália.”
O advogado Cleyton Wenceslau Borges, que acompanha o caso, acionará o conselho universitário para pedir apuração. Depois de encerrada a sindicância, poderão ser abertos processos na Justiça. Meire revela que também será solicitado ao Ministério da Educação que oriente as universidades a implementarem fóruns de discussão e combate ao racismouniversidades a implementarem fóruns de discussão e combate ao racismo como exigência para a concessão do título de filantropia.
“Às vezes aquela pessoa é tão tímida que não consegue se colocar. Então, teria que existir um comitê de combate a todos os tipos de discriminação. Não adianta apenas ter um psicólogo para atender aqueles que sofrem preconceito na PUC ou em outras universidades particulares que adotam ações afirmativas.”
De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.
19/11/10
Confira trechos de um dos e-mails:
“Fico feliz, pq agora, posso, sem peso na consciência, dizer: VAI SE
FUDER!!!”
“Ah, já que estamos falando de campanhas e tal, queria te apresentar uma
que só depende de vc, ela se chama: Meire, botas já!! É baseada no fato
de que estamos cansados de ter que ver o seu pé grotesco!! Sério! Vc
devia consultar um podólogo, tenho certeza que o SUS tem um, pq aquilo
não pode ser só um joanete, com certeza é uma forma alienígena de vida
que se acoplou ao seu pé!! Na boa, pela sua própria saúde, consulte um
médico!”
“Além disso, tbm acho que está na hora de vc trocar o produto que vc
usa para emplastar seu cabelo, pq esse já venceu, e o cheiro…. Na
boa….É insuportável!”
“Ah! Mas espero que vc não leve para o lado pessoal sabe?! Gosto muito
de vc! Vc alegra o meu dia e me faz dar muitas risadas, principalmente qnd
vc vem com meia calça estampada, saia de bolinhas e sapatos caramelo!
Uhaha! Hilário!”
“Ha, e só para fechar com chave de ouro, queria saber se vc não tem
nada mais pra fazer da vida dq propaganda política? Pq pessoalmente acho q
vc deveria se dedicar mais aos estudos, não?!
Mas hey! Oq eu estou falando vc já está bem encaminhada! Afinal, vc
pratica a profissão mais antiga do mundo (É a prostituição caso vc nao
saiba!)
Ou melhor.. acho que não Né?Pq, citando um político:
‘Vc nem pra prostituta serve pq é muito feia’ “
“Ufa! Obrigada mais uma vez por permitir esse meu desabafo! Com certeza
sairei mais leve desta faculdade!”

sábado, 20 de novembro de 2010

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O EXEMPLO DE LULA


Após 8 anos, irmãos de Lula mantêm vida modesta

FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO

Vavá tinha 108 canários do reino, hoje não resta nenhum. O motivo: os ratos de telhado que invadiam o viveiro do seu sobrado na periferia de São Bernardo do Campo, Grande São Paulo.
A casa simples onde mora Vavá, ou Genival Inácio da Silva, irmão do presidente Lula, é a mesma há 36 anos.
Às vésperas do segundo turno da eleição, ele conversou por uma hora com a Folha. De início, gritou para a mulher, que atendeu o portão, que não queria papo. Mas logo cedeu e convidou a reportagem a entrar.
Primeiro falou na apertada sala (5 m²), decorada com móveis tipo Casas Bahia, azulejo barato, uma TV grande e três quadros: uma foto oficial do presidente (com o autógrafo “Para o meu querido irmão Vavá, um abraço do Lula”); um retrato em preto e branco da mãe, dona Lindu; e um quadro bordado de uma mulher-anjo.
Depois, no terraço do primeiro andar nos fundos da casa, onde havia a criação, contou que os ratos arruinaram os canários e ele foi forçado a dar os que restaram.
Personagem do noticiário em 2007, quando foi indiciado pela Polícia Federal por tráfico de influência e exploração de prestígio, na Operação Xeque-Mate (que investigou máfia de caça-níqueis), Vavá foi excluído da denúncia do Ministério Público.
“Os caras pensam que a gente é milionário, quebraram a cara. Desmoralizam você, te jogam no lixo. Se não tiver cabeça, acabou.”
Aposentado como supervisor de transporte da Prefeitura de São Bernardo, pouco sai de casa. Ainda se ressente de seis cirurgias nos últimos anos (no fêmur e na coluna).
DUREZA
A poucos dias de Lula deixar a Presidência, após oito anos no cargo, os seus seis irmãos vivos moram em situação semelhante à de Vavá, alguns com maior dureza.
O primogênito, Jaime, 73, vive numa periferia pobre de São Bernardo, acorda diariamente às 4h30 e vai de ônibus para o trabalho, numa metalúrgica na Vila das Mercês, zona sul de São Paulo.
Marinete, 72, a mais velha das mulheres, que foi doméstica na juventude e hoje não trabalha, é vizinha de Vavá.
Quando a Folha o entrevistava, ela surgiu no terraço dos fundos do seu sobrado, colado ao dele, para checar um contratempo. “Não tem água. Acabou a água da rua e estou sem água”, queixou-se. “Marinete do céu, nenhuma das duas [da rua ou do tanque]?”, questionou Vavá.
O fotógrafo Lalo de Almeida subiu no muro para checar o registro da caixa d’água. “Ó o sujeito… Ah, você não vai subir, não. Filhinho de papai, não sabe subir em muro”, gracejou Marinete.
Vavá, 71, é o terceiro. É seguido por Frei Chico (José Ferreira da Silva), 68, o responsável por introduzir Lula no sindicalismo. Metalúrgico aposentado, Frei Chico recebe ainda uma indenização mensal de R$ 4.000 por ter sido preso e torturado na ditadura. Presta assessoria sindical e mora em São Caetano.
Maria, a Baixinha, 67, e Tiana (cujo nome de batismo é Ruth), 60, a caçula –Lula, 65, está entre as duas–, completam a família. A primeira vive no mesmo bairro que Vavá e Marinete e não trabalha; Tiana, merendeira numa escola pública, mora na zona leste de São Paulo.
Esses são os sobreviventes dos 11 filhos de dona Lindu com o pai de Lula, Aristides –que teve vários outros filhos com outras mulheres.
SAÚDE
Todos os irmãos do presidente Lula têm problemas de saúde. Jaime e Maria enfrentaram cânceres. Frei Chico é cardíaco. Vavá tem complicações ósseas. Marinete está com uma doença grave que os irmãos não revelam.
“Só tem o Lula bom ainda”, afirma Frei Chico.
Os parentes dizem não receber auxílio financeiro do presidente e não se queixam disso. “Ele não foi eleito presidente para ajudar a família. Seria ridículo se desse dinheiro”, declara Vavá.
“Não tem o que dizer. O Lula tem a vida dele, temos a nossa. Ainda posso trabalhar, trabalho”, diz Jaime.
Frei Chico conta estar aliviado com o fim do mandato de Lula na Presidência. Ele acredita que vai cessar o assédio aos irmãos em busca de atalhos até o Planalto.
“Para nós, só tem a melhorar. Vamos ficar mais tranquilos em relação à paparicagem. É muita gente enchendo o saco, gente que achava que a gente podia fazer alguma coisa”, afirma.
Os irmãos não têm ilusão de que, ao deixar Brasília, Lula seja assíduo nas reuniões familiares. “Estamos envelhecendo, a família vai chegando ao fim e assumem os filhos e sobrinhos, a família lateral”, diz Vavá.
O consolo é pensar que o irmão famoso estará mais perto. “Ele disse que não vê a hora de voltar [para São Bernardo] para descansar um pouco. Ele está muito cansado. O Lula tem trabalhado muito”, afirma Marinete.