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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Vice-prefeito de BH rechaça aliança com PSDB Roberto Carvalho defende que aliança que foi feita em 2008 com PSDB não se repita no ano que vem



"A maior avaliação da aliança que tivemos do ponto de vista eleitoral foi o resultado de 2010, quando pela primeira vez em 16 anos o PT perdeu em BH no primeiro e no segundo turno"

A participação do PT em uma nova dobradinha – agora em coligação formal – com o PSDB pela reeleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB) em Belo Horizonte ainda não está decidida. Pelo menos para o presidente do diretório municipal, o atual vice-prefeito Roberto Carvalho (PT). Em entrevista ao Estado de Minas, o petista colocou os tucanos como “inimigos” e disse que se aliar novamente ao PSDB está fora de cogitação, pois seria “descaracterizar” a legenda. “Hoje, diria que o norte político é a não participação em chapa ou aliança, seja formal ou informal, onde esteja PSDB, DEM e PPS”, disse. Praticamente a única voz contrária à articulação, ele negou estar isolado e garantiu que a palavra final sobre a aliança caberá à instância municipal.

Fórum: Você é a favor da reedição da aliança entre PT e PSDB em BH?
No fim de semana o PT nacional liberou coligações com o PSDB. Era só o que faltava para o partido optar pela repetição da aliança com os tucanos?
Na realidade, todo o eixo do congresso e da deliberação aponta e define que os inimigos do projeto político hoje liderado pela presidente Dilma (PT) são o PSDB, o DEM e o PPS. Nós aqui trabalhamos com esse eixo. Serão eleições municipais e o congresso referendou o que estava no estatuto: que quem decide sobre elas são os diretórios municipais. Dizer que está definido é um supremo desrespeito às bases partidárias que não foram ouvidas ainda. Fizemos um compromisso: nesta eleição não tem nada de cima para baixo e nenhum tipo de imposição em cima dos filiados de Belo Horizonte. Já vi fogo virar fumaça, mas fumaça virar fogo nunca na vida. E tem muita fumaça e pouco fogo.

Mas a resolução também abriu caminho para a união com o PSDB...
O que permite não determina. Não podemos ler o inverso. Ela permite em casos especiais e nós não queremos ser um caso especial. O PT de BH quer, acima de tudo, resgatar a identidade do PT e a identidade da base aliada.

A direção estadual e lideranças colocam como certa a aliança com Lacerda e o senhor continua defendendo a candidatura própria. Está isolado?
Isolado é quem está longe das bases e as bases estão participando ativamente.

O senhor é contra repetir essa aliança com Lacerda?
Sou a favor do diálogo com a base aliada, inclusive o PSB, sem o PSDB, o DEM e o PPS. A maior avaliação da aliança que tivemos do ponto de vista eleitoral foi o resultado de 2010, quando pela primeira vez em 16 anos o PT perdeu em BH no primeiro e no segundo turno. A Dilma perdeu para Marina Silva (PV) e depois para José Serra (PSDB). Isso nunca tinha acontecido. Entendemos que foi uma avaliação do eleitorado. Entendemos o seguinte: uma aliança com o PSDB, o DEM e o PPS só descaracteriza a identidade do PT. O PSDB, principalmente a partir da eleição da presidente Dilma, assumiu a liderança da oposição conservadora do país.

O que deu errado então foi a presença do PSDB?
A aliança de 2008 não se repete em 2012. As condições políticas são diferentes. Em 2008 tínhamos o Fernando (Pimentel) e o Aécio (Neves) e o PSDB não tinha assumido essa condição à direita.

O presidente do PT estadual, Reginaldo Lopes, defendeu a permanência do senhor como vice, mas já há outros quatro nomes colocados. Qual a chance de o senhor ser vice novamente?
A discussão de vice é precipitada, assim como a de prefeito. No momento adequado o partido vai discutir, a base vai discutir.

O senhor estava muito afinado em 2008 com o grupo do ministro Fernando Pimentel e com o presidente do diretório estadual, Reginaldo Lopes. Agora está em outro campo?
O Pimentel está com o mesmo discurso que eu. Disse no Estado de Minas que em 2012 o PT tem que enfrentar o governador Aécio e não tem como fazer aliança com o PSDB. Sobre o Reginaldo não comento. Acho que o dirigente partidário dá opinião do partido.

A presidente Dilma e o ex-presidente Lula já se manifestaram favoravelmente à participação do PSDB. Pode ser repetir uma imposição?
Estive pessoalmente com Dilma e ela nunca disse isso. Conversei com Lula e disse: ”Aqui vamos com calma". A preocupação nossa é com o partido. O PT de BH tem sofrido muito com os últimos processos eleitorais, sejam estaduais ou municipais, no caso de BH. Então, queremos unificar o partido. E vamos fazer aliança com a base. O caminho é esse.

Mas Lula disse ao EM que em time que está ganhando não se mexe.
A opinião do presidente Lula é muito importante, assim como a da Dilma, e de todas as grandes lideranças. Mas vamos ouvir a opinião de cada filiado do PT. A eleição é municipal e se tem uma coisa que o presidente Lula fez a vida inteira foi respeitar as instâncias partidárias. O partido vai decidir pensando o melhor para a cidade. Assim como não impomos nada a ninguém, não aceitamos imposição de quem quer que seja. O PT tem que ser respeitado na cidade.

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